IA e a indústria fonográfica

IA transforma a indústria fonográfica com inovação e análise.

TECNOLOGIA NAS EMPRESAS

Tripulação ET

7/19/20245 min ler

 inteligência artificial no mundo musical
 inteligência artificial no mundo musical

Inteligência artificial no mundo musical

A indústria fonográfica tem sido um dos setores mais afetados pela era digital, mas a IA está mudando a forma como os negócios são feitos. Com o uso da IA, as gravadoras agora podem prever quais músicas serão as mais populares antes mesmo de serem lançadas e ajustar suas estratégias de marketing de acordo.

Segundo o relatório da IFPI (International Federation of the Phonographic Industry), a receita global da indústria da música cresceu 10,02% em 2023, chegando a US$ 28,6 bilhões. Isso se deve, em parte, à crescente adoção da IA na indústria. De acordo com a consultoria Research And Markets, o mercado global de IA na música deve crescer a uma taxa composta anual de 14,3% de 2021 a 2028, impulsionado pelo aumento do uso de algoritmos de aprendizado de máquina em processos de produção musical.

Inteligência artificial está mudando a forma como os artistas produzem música?

Com a ajuda de algoritmos de aprendizado de máquina, os artistas podem criar músicas que sejam mais atraentes para seus fãs. Por exemplo, a plataforma Amper Music permite que os usuários criem música personalizada usando algoritmos de IA. Isso permite que artistas independentes criem música sem ter que gastar muito dinheiro em produção musical.

De um lado, temos o argumento de que a IA pode ajudar a impulsionar a indústria da música, fornecendo análises de dados e insights que permitem que os artistas e gravadoras criem músicas que atendam às necessidades e expectativas do público. Por exemplo, a IA pode ajudar a identificar padrões de comportamento dos ouvintes, permitindo que as gravadoras tomem decisões mais informadas sobre quais artistas contratar e que tipo de música produzir. Além disso, a IA pode ser usada para criar músicas e melodias automaticamente, permitindo que os artistas tenham mais tempo para se concentrar em outras áreas, como a escrita de letras ou o desempenho.

Por outro lado, há quem argumente que a IA pode ser vista como uma forma de terceirização da criatividade, com a produção musical se tornando cada vez mais automatizada e padronizada. Alguns artistas temem que isso possa levar à perda de singularidade e autenticidade na música, tornando-a menos emocionante e mais impessoal. Alguns até questionam se a música gerada por IA pode ser considerada arte, ou se é simplesmente uma imitação.

IA está substituindo os humanos na produção musical

Muitos artistas e produtores musicais usam a IA como uma ferramenta para aprimorar sua criatividade e fornecer novas ideias para suas produções musicais. Por exemplo, a IA pode ajudar a criar harmonias únicas ou a gerar novos arranjos musicais que os humanos podem depois ajustar e adaptar.

Além disso, é importante observar que a IA ainda está em desenvolvimento e que a tecnologia está evoluindo rapidamente. Há uma série de novas tendências emergentes no mercado, como o uso da tecnologia web3 para criar novas oportunidades de monetização para artistas e a utilização de IA para melhorar a experiência de audição de músicas em plataformas de streaming. A IA está se tornando uma ferramenta cada vez mais importante para a indústria da música, mas ainda há muito espaço para exploração e desenvolvimento.

Laboratórios e cases

Alguns artistas já vem testando em seus álbuns comerciais o grau de criatividade que a inteligência artificial pode entregar às suas composições. O Rapper Drake que atualmente está incomodado com o uso de IA em uma composição não autoral, já utilizou anteriormente esta tecnologia na criação de uma de suas músicas, e não foi como um substituto para a criatividade humana, mas sim uma espécie de ‘co-lab’, colaboração. A plataforma de produção musical baseada em IA, OIAM, usada por Drake em seu álbum “Certified Lover Boy”, foi projetada para fornecer sugestões de harmonias e melodias para os produtores musicais, permitindo que eles tenham mais liberdade criativa e experimentem novas ideias. A esposa de Elon Musk, Grimes, também tem usado a IA em sua produção musical, misturando sua voz com sintetizadores baseados em IA para criar novas texturas sonoras.

Enquanto alguns veem a IA como uma ferramenta útil para impulsionar e colaborar com sua criatividade, outros acreditam que isso pode levar à terceirização da criatividade humana.

De acordo com uma pesquisa da Music Ally, cerca de 61% dos artistas acreditam que a IA pode ser uma ferramenta útil na criação de música, permitindo novas possibilidades de experimentação e colaboração. No entanto, 37% dos artistas afirmam que a IA pode levar à perda de empregos na indústria da música, o que preocupa muitos profissionais.

Além disso, há uma preocupação entre alguns artistas sobre a possibilidade de a IA criar músicas que soem genéricas ou sem alma. Afinal, a música é uma expressão artística que envolve emoções, sentimentos e experiências pessoais. A IA pode não ser capaz de replicar esses elementos de forma autêntica.

No entanto, é importante ressaltar que a IA não substitui completamente os artistas. Ela é uma ferramenta que pode ser usada para complementar a criatividade humana. Além disso, muitos artistas têm utilizado a IA como uma forma de explorar novas possibilidades criativas e expandir seus horizontes.

Um exemplo disso é o caso do músico Taryn Southern, que criou um álbum inteiro usando apenas IA. Ela utilizou algoritmos para gerar letras, melodias e harmonias, e depois selecionou as melhores partes para compor o álbum. O resultado final foi um álbum experimental e inovador, que mistura elementos de diferentes gêneros musicais.

Outro exemplo é o rapper Travis Scott, que usou a IA para criar um filtro de voz personalizado para seu álbum “Astroworld”. O filtro foi desenvolvido em parceria com a empresa de tecnologia de áudio iZotope e permitiu que Travis Scott manipulasse sua voz de forma única e criativa.

Em resumo, a IA na indústria da música é vista de maneira diferente por diferentes artistas. Alguns acreditam que é uma ferramenta útil para impulsionar a criatividade, enquanto outros temem que possa levar à terceirização da criatividade humana. No entanto, é inegável que a IA está transformando a maneira como a música é criada, produzida e consumida, abrindo novas possibilidades e oportunidades para os artistas e profissionais da indústria.

Cases de IA e Música:

Um dos primeiros casos de sucesso na aplicação da inteligência artificial na música foi a composição da música “Daddy’s Car”, lançada em 2016 pelo grupo sueco “Fragments of God”. O mais surpreendente é que a música foi criada totalmente por uma inteligência artificial chamada “Flow Machines”.

O projeto foi liderado pelo compositor francês Benoît Carré e teve a colaboração do cientista da computação François Pachet, responsável pela criação da inteligência artificial que gerou a melodia, a harmonia e a letra da música. Para isso, a IA foi alimentada com um banco de dados de mais de 13.000 partituras de diferentes estilos musicais, como jazz, pop, rock e blues.

O resultado final foi uma música pop com influências dos anos 60 e 70, que surpreendeu o público e a crítica especializada. A música foi tão bem-sucedida que ganhou uma versão remixada pelo produtor britânico Alex da Kid, que já trabalhou com artistas como Rihanna e Nicki Minaj.

O case “Daddy’s Car” abriu caminho para outras experiências envolvendo inteligência artificial na música, como a criação da música “El Perdedor” por Dudu Borges, utilizando o IBM Watson, e a plataforma de música baseada em blockchain do rapper Snoop Dogg, a “Snoop Dogg’s Kingdom”, que permite aos fãs colaborarem na criação de músicas usando inteligência artificial.

Apesar da polêmica em relação à utilização da inteligência artificial na criação artística, é inegável que essa tecnologia traz possibilidades e oportunidades únicas para a indústria da música. Afinal, a IA pode ser uma ferramenta poderosa para aprimorar a criatividade, descobrir novos talentos e personalizar a experiência do usuário na música.


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